...A PACIÊNCIA DE DEUS NÃO TEM LIMITES, MAS HÁ MOMENTOS EM QUE A SUA PACIÊNCIA DÁ LUGAR AS SUAS JUSTAS AÇÕES... Anderson Ribeiro

9 de julho de 2010

Parábola da pá e da joeira Mt 3.12



Esse ditado parabólico não deixou dúvida entre os que o ouviram quan­to ao que estava por acontecer. A mente oriental facilmente captaria esse quadro da colheita, com ceifei-ros joeirando o trigo ajuntado. Com a pá, o ceifeiro lança contra o vento firme e impetuoso tudo o que se achava na meda diante dele, quer trigo, quer palha. O trigo, por ser mais pesado, cai de volta no mesmo lugar ou perto dele, mas a palha, mais leve, voeja pelo chão. Concluí­do o processo da separação, o trigo é retirado para o celeiro, e a palha inú­til, incendiada. Para apreendermos todo o significado do expressivo símile em questão, examinemos cada parte da parábola:
Na mão ele tem a pá... —a mes­ma mão divina que empunhava o machado. Para o ceifeiro, essa pá era o instrumento que usava para lim­par o trigo ou expurgar dele a palha e as sementes ruins. Lançava-se a esse processo de joeira ajoelhado, atirando o trigo e a palha para cima e sacudindo-os de um lado para o outro, ação que separaria um do ou­tro. A pá que Cristo usa para limpar a sua eira é a sua palavra de separa­ção: "Vós já estais limpos por causa da palavra que vos tenho falado" (Jo 15:3). Outra pá é a divina providên­cia que limpa, com freqüência, o tri­go da palha. O Espírito Santo é ain­da outra pá que expurga para fora a palha da corrupção (ICo 6:11). Não raro, a perseguição é outra pá que purifica o coração do povo de Deus (Mt 13:20,21).
... e limpará a sua eira... Por "sua eira" João quer dizer o povo judeu —uma grande pilha, uma enorme eira. Nela, pouca coisa além de pa­lha poderia ser achada, uma vez que o povo de Deus se tornara geração profana e impiedosa. De fato, um pouco de trigo podia ser encontrado na eira —almas sinceras e consagra­das como os pais de João, ou Simeão e Ana, que esperavam a vinda de Cristo. A antiga eira, a velha nação judaica, não mais existia. Na nova eira da Igreja do Deus vivo, se en­contraria o trigo formado de judeus e gentios regenerados.
... recolhendo o trigo no seu ce­leiro... O trigo é um grão excelente, o melhor grão, e isso simboliza o que Satanás tentou peneirar em Pedro. Os crentes verdadeiros são compa­rados ao trigo, por serem os tesou­ros excelentes de Deus (SI 16:3). Às vezes seu trigo espiritual acha difí­cil livrar-se da palha que lhe acom­panha. "... quando quero fazer o bem, o mal está comigo..." (Rm 7:21-24). A joeira do trigo é necessária para a sua purificação. Com muita freqüência resistimos à joeira nas mãos do Senhor quando ele procu­ra retirar a corrupção interior. Quando o trigo está totalmente lim­po, o ceifeiro o leva para o seu "ce­leiro", ou para um lugar em que o trigo empilhado esteja a salvo e se­guro, podendo ser cuidado de per­to. O Senhor tem um duplo celeiro para o seu trigo da mais alta quali­dade. Existe a sua Igreja, escolhida e preparada para receber o seu povo redimido. Providenciados para o seu trigo espiritual, a palha e o joio são muitas vezes encontrados no meio dele. Depois, o céu deve ser visto como o seu outro celeiro, que guar­dará apenas o trigo puro. "E não entrará nela coisa alguma impu­ra..." (Ap 21:27).
... queimando a palha com fogo que nunca se apagará. Os líderes religiosos, mas não espirituais a quem a mensagem de João se diri­gia eram a palha. Mais tarde, Jesus chamou-os "hipócritas" e inúteis como a palha. "Que tem a palha em comum com o trigo? diz o Senhor" (Jr 23:28). A palha é leve e facilmen­te carregada pelo vento de um lado para o outro. Do mesmo modo, os escribas e fariseus apresentavam uma religiosidade aparente, mas, como a palha, faltava-lhes peso e substância. A palha é a casca do tri­go, e os religiosos professos dos dias de João tinham somente a casca ou a concha da verdade. Foram jogados para cima com a parte externa da religião, não com a sua realidade interior.
... queimando [...] com fogo que nunca se apagará é uma figura de linguagem amedrontadora. Esse bri­lho violento de luz revela a conde­nação daquele que se recusa a aban­donar a sua impenitência. Simboli­za a justa ira de Deus, muitas vezes comparada ao fogo na Bíblia. A ma­deira, o feno e a palha são combustí­veis tão adequados para o fogo que não podemos depositar neles nenhu­ma confiança (Na 1:10). A ira divina é como o fogo —intolerável. Quão terrível é a condição daqueles sobre quem cai a ira e a vingança de Deus! Um mundo impiedoso necessita da lembrança de que o ceifeiro divino virá e, com a pá nas mãos, expurga­rá da terra a palha inútil, ajuntan-do o trigo em seu celeiro milenar. "... venha o teu reino..." SEJA DEUS VERDADEIRO!
FONTE: Todas as Parábolas da Bíblia de Herbert Lockyer

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